Bogotá - Colômbia



Minha casa são Hotéis, a Estrada meu dia e minha mestra, o Pensamento meu combustível, o Sol e o Coração meus guias e o Horizonte, meu único destino”...
Mas a Saudade e o Amor, é que me farão voltar”...

Entrando na capital, depois de enfrentar uma montanha muito alta, frio de 7 graus, chuva e curvas e mais curvas, chegamos a Bogotá, e fui recebido por um motoqueiro (motoqueiro mesmo), que vestia uma camisa da seleção Brasileira e que me permitiu tirar sua foto dando-me aquele belo sorriso típico do “Povo Bão” da Colômbia.

Na chuva gelada da montanha, subíamos da altitude do nível do mar para a região alta e montanhosa de Bogotá, eu já estava cansado, mas acostumado a me molhar na chuva e me secar no vento e no sol, mas dessa vez o clima muito frio e as curvas perigosas me faziam ficar mais tenso e alerta.

Diferente da chuva que, apesar de forte e nos fazer parar para esperar acalmar um pouco, ainda nos caminhos do litoral, onde debaixo de uma cobertura, deixávamos as motos protegidas, vi a alegre presença de algumas crianças correndo e pulando em poças d’água, tomando um delicioso banho de chuva vinda dos Mares do Caribe. De pronto, aproveitando já estar ensopado, corri pra junto deles de roupa e tudo, ficando assim, numa algazarra total, moleca e numa cumplicidade infantil e divertida, onde comecei a pega-los nos braços e levantando, gira-los no ar recebendo em troca a maravilha daqueles sorrisos e gargalhadas misturadas com os sons da chuva, que só podem ser praticados por seres frágeis, inocentes e de coração puro, que não tiveram acesso e não permitiram ainda, que as dores e tentações do mundo os atrapalhassem a viver bem e nessa alegria real e verdadeira. Hans de imediato registrava tudo, em fotos e vídeo.

Caminhões passavam por nos, escrito em seus para-choques “carga larga”, e demorei um pouco pra “cair a fixa” que, em espanhol, “largo” significa comprido, e que “ancho” é que significa largo. Entenderam?...

Passamos um susto também ainda antes da subirmos a montanha quando numa velocidade de aproximadamente 120 km/h, vi a moto de Hans, ao sair de uma parte convexa no asfalto, voar nessa rampa inesperada e ficar, com as duas rodas no ar, depois cair pesadamente e as perninhas de meu parceiro agitando como asas de borboleta querendo decolar. Estávamos tão “velozes e furiosos”, que não deu tempo de frear minha “negona”, e pratiquei o mesmo voo livre e sem asas. Bom humor narrativo a parte, fui mais um susto daqueles que só me atrevo a brincar assim, depois de ver que não aconteceu nada além do susto, uma pequena dor no antebraço pela pressão exercida e mais uma lição dos cuidados a serem retomados. Qualquer distração causada pelo costume com a rotina da estrada e a velocidade podem ser fatais.

Logo adiante fui acalmando ao ouvir uma canção de meu conterrâneo Genésio Tocantins, cantando assim: “Desde menininho que sonhei correr estrada, sina sagrada de um canário cantadô. Salve o Brasil e seus cantadô”...

Em uma cidade de nome San Martin, a ultima antes de chegar a Bogotá, na porta de um hotelzinho, fomos abordados por dezenas de pessoas que foram chegando, atraídos pelas motos e ficamos mais de meia hora conversando, contando da aventura, dando explicações e divertindo aquela gente simples e amigável. Eu do meu lado, como sempre não me decepcionando com meu magnetismo infantil, parecia a “Xuxa da Colômbia” com uma molecada a minha volta querendo saber de tudo e ainda tendo um Gordinho muito esperto como interprete por ter sido o primeiro a chegar perto e conversar comigo e se sentir intimo do viajante cabeludo e suas roupas de couro, dentes de animais pendurado, couro de crocodilo no pulso e dando toda atenção a eles e não tratando, como é de costume dos adultos, as crianças como objetos ou animais e talvez seja esse o segredo desse magnetismo. Foi outra farra divertida e animada. Os “grandes” com a gente não tinham vez, que se virassem com o velho e bom Hans Karlsson.

No outro dia ao retomar a viagem, passamos por uma plantação de uma espécie de Palmeira, que veríamos ainda por muitas vezes ate depois de pularmos para a América Central, que descobri que se chama “Palma de Cera”, e que tem a finalidade em seu plantio e através de seus frutos, produzir óleo vegetal.

Começaram também a aparecer fazendas com criação de Búfalos em pastagens muito verdes de capim quicuia.

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