Caminho errado


Quando saímos de Cartagena, nos informaram que deveríamos voltar a Barranquilla (120 km), para então descer à Bogotá, enfrentamos um centro conturbado, muito calor, e sairmos exaustos, após ver Hans perguntando de esquina em esquina como se dirigia para a capital, e só depois de andarmos mais de 400 km, descobrimos, alertados por um militar em uma das muitas barreiras da estrada, que havíamos pegado o caminho mais longo que aumentaria nossa viagem prevista pra 800 km para mais de 1.200 km, mas já era tarde e seguimos adiante ate a cidade de Carmem de Bolívar, onde nos indicaram outro caminho que deveria ser mais curto, evitando passar por outra grande metrópole de nome Medellín, e foi ai que nos demos mal pela segunda vez, pois pegamos mais de 100 quilômetros de estrada secundaria muito ruim, com buracos e às vezes partes ate sem asfalto e pra completar, mais chuva. Ensinando-nos mais uma lição, que devemos seguir sempre por estradas principais, mesmo que tenhamos que andar um pouco mais.

Sempre que começa uma chuva em nosso caminho, observo Hans parar pra vestir uma capa de chuva muito invocada, que ele tem, que mais parece um macacão de corredor de formula 1, que exige todo um ritual para ser vestida e ainda de minha ajuda para encaixar e fechar tantos “zíperes”, mas adoro quando ele faz isso pois assim que esta vestido, (ensopados, por ficar aqueles minutos ali debaixo da chuva, parados colocando a vestimenta), mas sempre que ele monta novamente e iniciamos nossa caminhada, a chuva passa. Acredito que essa capa tem o poder de espantar a chuva. Hans não é só um “Fazedor de Chuva”, é também um “Espantador de Chuva”...

Gilberto Gil canta no meu ipod mandando “aquele abraço à torcida do Mengão e a todo povo brasileiro”, e ainda dizendo que: “Meu caminho pelo mundo, eu mesmo traço e a Bahia já me deu, régua e compasso e quem sabe de mim, SOU EU... e pra você que me esqueceu, Hummmm!!!! Aquele abraço...”

Seguimos viagem passando agora por uma região alagada pelas aguas de um grande rio de nome Magdalena, e novamente, em estrada ruim onde temos que diminuir muito nossa velocidade, ate quase parando em certos pontos, passou então por nos, um rapaz em uma motinha pequena, sem nenhum equipamento de segurança, nem capacete (casco), e nos observa com tanta “traia”, e motos tão grandes, caras e lentas, com um complacente olhar de piedade por aqueles grandões perdidos e sofrendo por ali, em seu habitat natural.

Continuam as fazendas com gado zebu, cavalos e mais jumentinhos por todo lado. Em quase todos os povoados que vamos passando, vejo sempre um bar com musica alta, tipo salsa e mesas de sinuca e moradores regionais dando aqueles gritinhos animados em espanhol tipo: “Iahuuuu!!!”, “Arriba, Arriba!!”, e “Dá-lhe Compadre!!”...

Uma tal de Severina Cooper canta, de Paulo Diniz, uma canção muito divertida e oportuna que faço questão de passar na integra pra vocês e recomendo que pesquisem na internet para ouvi-la com melodia e tudo pois tenho certeza que vão adorar e se divertir também:

Eu vou comprá na feira uma cascavé, enchê os dedo de ané, E aprendê a dançá rock,
Eu vou borrá os óio todo de carvão, amorcegá um caminhão e vou batê em Nova York,
Chegando lá compro uma rôpa de cetim, dessas que rebrilha assim, que nem galinha pedrez,
No fim do ano volto nas grana montado, snob e afrescalhado, machucando no inglês.
It´s not mole não, don´t have condição…

Um roli roice no estacionamento, no lugar desse jumento, que me fez passá vexame,
Prá esquecê a minha vida de miséria, vou passá as minhas féria, lá na praia de Miami,
Com uma galega de dois metro de altura, daquelas que tira côco sem precisá de vara,
O punk rock tá me oferecendo a chance, mas antes que ele se canse, eu vô é metendo a cara,
E quando eu for me apresentá na discoteque, vou mostrá prá esses moleque,
que matuto é que é o bão...
It´s not mole não, don´t have condição…

Eu que tentei aqui na terra tantos anos, agora é o americano é que vai curtir o meu som,
Depois que a gente vai embora pro estrangeiro, que se amunta no dinheiro,o negócio é chalerá,
Eu só volto aqui na terra, prá curtir minhas estafas, que nem diz Frank Sinatra,
E não vou dá colher de chá...”
It´s not mole não, don´t have condição…

Inté meu povo!!!...

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