Paso Canoas


Essa é a cidade de fronteira do Panamá com a Costa Rica, e da mesma rapidez que o Panamá chegou, também se foi, deixando saudade por não poder curtir mais esse país, assim como foi também em Bogotá na Colômbia. Mas vida de viajante é assim, sem muito tempo pra turismos ou tempo pra criar nenhuma forma de laços ou raízes, que já são muito fortes e profundos de onde viemos.

Enquanto toda a chatice das fronteiras ia sendo resolvida por Hans, eu sempre ali, guardando as motos, ia me interagindo com os nativos que sempre se aproximam e trocávamos perguntas, eles sobre a viagem e as motos e eu sobre curiosidades do novo pais que estava adentrando e tudo isso ao som da Gold Wing novamente, que dessa vez cantava com a voz de Milton Nascimento: “Mande noticias do mundo de lá, diz quem fica, me de um abraço venha me apertar, tô chegando. Coisa que gosto é poder partir, sem ter planos, melhor ainda é poder voltar, quando quero”...

Na Costa Rica a paisagem continua muito parecida com o Panamá, com muitas plantações, onde em um belo momento, tinha na frente das lentes de minha filmadora, um tapete imenso formado de lavouras de abacaxi, rodeados por uma cadeia de montanhas altas, mas que não se via o topo, por estarem tampadas com um chapéu de algodão de nuvens e neblinas que logo mais iriamos pegar pela frente juntamente com baixas temperaturas e mais chuva. As estradas ficaram ruins e a região cada vez mais acidentada.

Logo começamos a subir uma grande montanha e de um lado da estrada, paredões muito altos cortados na rocha e do outro, precipícios e o Rio Grande de Terraba, onde paramos pra registrar um depoimento do meu parceiro, pois ele tinha trabalhado nessa região como vaqueiro, quando rapaz e ao ver a paisagem conhecida, o rio que disse ter atravessado tocando gado, notei que ele se emocionava, lembrando esses tempos tão distantes, que imagino que ele deve se perguntar se realmente existiram. Marcelo Barra de Goiânia cantava agora pra mim; “Vai! amigo, não há perigos que hoje possa assustar, não se iluda, que nada muda se você não mudar. Ponha alguma coisa na sacola, não esqueça a viola, mas esqueça o que puder. Rasgue as coisas velhas da lembrança, seja um pouco de criança, faca tudo que quiser e curte pra não morrer”...

Aprendi lendo nas placas, que se tratava também de região indígena dos povos “Curre”, e “Terraba”.

A montanha ficou mais alta, as curvas mais acentuadas e a chuva engrossou, nos obrigando a parar em um restaurante, bem no alto e tomar um chocolate quente, pois estávamos congelando as mãos. A capa magica de meu parceiro o “Índio Velho Apaixonado”, resolveu a questão diminuindo a chuva, mas serviu pra protegê-lo do intenso frio que nos assolava, ate finalmente descermos a montanha e chegarmos a San Jose, a capital da Costa Rica, onde estamos desde sexta feira na casa da filha de Hans, mas amanhã, segunda feira (Lunes), sairemos bem cedinho para cumprir a segunda parte dessa aventura pelas Américas.

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