Continuando a caminhada...


La Cucaracha, la Cucaracha, ya no puede caminhar, porque no tienne, porque le falta
una “LLANTA” pra Rodar.”
(“Llanta”, em espanhol significa Pneu).

Estamos agora subindo as curvas de uma montanha que margeia o Pacífico, cruzando El Salvador, já próximo da fronteira com a Guatemala, é uma parte muito bonita da viagem, onde de um lado, paredões de pedra talhada e tuneis rústicos e sem acabamento, e do outro lado, as aguas escuras, calmas e frias desse Oceano, e uma estrada que vai serpenteando, subindo e descendo as encostas.

De vez em quando entramos em pequenos “Pueblos”, repletos de pousadas e hotéis de todos os níveis, me fazendo concluir que essa deve ser uma região de muita rotatividade turística.

Fui lembrando aos poucos, de quando passamos por aqui, na viagem de 2002. Lembrei-me do hotel na margem esquerda da Pan Americana, de um restaurante dependurado numa dessas encostas, onde olhando para o mar, passamos bons momentos, e paramos dessa vez também, pra tirar umas fotos e apreciar um pouco esse visual incrível.

Cruzamos com mais um aventureiro e aquele aceno irmão, dos estradeiros, se fez como em nossa vida de aventureiros: “firme, veloz e sincero”.

Em uma dessas curvas bem fechadas, onde nossa velocidade fica muito reduzida, observando Hans à minha frente, notei um velhinho que caminhava com suas roupinhas esfarrapadas e sujas, como são as da maioria dos agricultores, que lidam com a terra, e ainda acompanhado, com o sempre seguro e útil facão longo e afiado nas mãos. 

Passando por esse camponês, a Gold Wing solta aquele rugido forte, pelo esforço do motor com seus seis cilindros, por estar subindo a montanha, e empurrando morro acima, sua carga de quase meia tonelada entre peso da moto, piloto e bagagem. Noto o velhinho parar, virar o corpo pra trás e ficar observando impressionando, e imaginei naquele momento, seus pensamentos lhe questionando assim: “o que mais tem de tão diferente nesse mundo, que eu nunca vi ou irei ver”...

Escuto também a gigante, cantando de seus alto-falantes: “Luna que se quebra, sobre la tiniebla, de mi soledad, a dónde vas? Dile que la quiero, dile que me muero, de tanto esperar. Que las rondas no son buenas, que hacen daño, que dan penas, Y que acaban por llorar”...

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